O filme de 2020 ‘Águas Selvagens’ ou ‘Água dos Porcos’ chega aos cinemas brasileiros no dia 12 de maio. Baseado no livro ‘El Muertito’ de Oscar Tabernise de 2016, o longa tem a direção de Roly Santos.

Na trama, o investigador Lúcio Gualtieri aceita um trabalho para solucionar um crime cometido na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Lá, ele se vê perseguido por uma organização criminosa envolvida em uma trama macabra de assassinatos. Lúcio acaba descobrindo uma verdade obscura que coloca em dúvida todas as suas crenças. Agora, o ex-policial precisa enfrentar seu passado conturbado enquanto tenta sobreviver aos perigos dessa zona de águas selvagens.

Da crítica à contradição e superficialidade

O filme faz a crítica sobre a pedofilia que acontece na fronteira, e que pessoas com poder aquisitivo e até mesmo autoridades estão envolvidas. Entretanto, o “mocinho” com índole questionável se contradiz quando se envolve com uma menor de idade. Assim, o roteiro normaliza aquilo que ele mesmo condena, repetindo aquilo que o mesmo se opõe e falha quando esquece seu próprio objetivo e torna tudo superficial e contraditório.

O longa é superficial em tudo o que propõe, seja no que ele condena, até nas relações entre os personagens, tudo é raso e desperdiçado. Desde a figura contraditória de Lúcio Gualtieri, até a seriedade do esquema de pedofilia e a misticidade do misterioso tumulo.

Então, criticas realmente pertinentes como o envolvimento das autoridades em crime envolvendo o tráfico de crianças e pedofilia; até mesmo a facilidade de se envolver com adolescentes através perfis fake nas redes sociais, são tratadas com superficialidade.

Imagem: Distribuidora Imagem Filmes

A direção rasa de ‘Águas Selvagens’

O diretor mirou no estilo ‘noir’, gênero onde detetives buscam solucionar crimes complicados, muito comuns nas décadas de 1940 e 1950, mas erra em tudo e torna a investigação cansativa, confusa e, no fim, contraditória.

Além disso, assim que algo é dito, logo em seguida segue outro rumo. Em certo momento, o roteiro dá a entender um determinado encerramento para o caso, entretanto logo em seguida ela é ignorada e a trama segue por outro caminho. Quando o protagonista toma uma decisão, para que outra personagem tenha um arco final, além de dar ao vilão — mais — foco, apenas para deixar claro o quão distorcida a mente e desejos do homem, quando não há necessidade alguma.

As atuações ficam a mercê da direção do filme, Roberto Birindelli que protagoniza o ex-policial Lúcio Gualtieri, se perde na confusão do roteiro e na indecisão e inconsistência do personagem.

Allana Lopes interpreta a Blanca, uma menina de 16 anos que trabalha em um prostíbulo e no fim se envolve com o contraditório ex-policial; nada acrescenta, é tão rasa quanto a trama principal. Além disso, gera incomodo ver uma menina se insinuando — nua — e tendo relações com um homem adulto, em uma trama que critica a pedofilia.

A personagem Rita Azucena de Benitez, interpretada por Mayana Neiva, é um temporário interesse amoroso do protagonista e é difícil acompanhar a personagem, e seus Affair que giram em torno da busca de uma vingança mal explicada.

Imagem: Distribuidora Imagem Filmes

Por fim, ‘Águas Selvagens’ se torna apenas um desperdício de trama, que consegue banalizar temas importantes e consegue falhar em tudo o que propõe.